Você já recebeu o resultado de um exame genético e estava escrito ausência de CNVs? Ou então, presença de VUS? Essa experiência de ler um relatório de exame e não entender as siglas é mais comum do que se imagina. Isso acontece porque são termos muito específicos da área de genética e, mesmo outros profissionais de saúde, eventualmente, ficam com dúvidas.

Vamos agora esclarecer alguns destes termos para facilitar o entendimento dos resultados de exames.

Mutação e polimorfismo

A palavra mutação era usada antigamente para definir a presença de uma alteração no DNA que causava algum problema para esta região, ou seja, causava alguma doença.

Por outro lado, quando uma alteração estava presente no DNA, mas não causava nenhum impacto para o DNA, ela era chamada de polimorfismo.

A definição de mutação e polimorfismo também passava pela frequência de uma alteração na população em geral. Isso quer dizer que, quando uma alteração no DNA era muito rara deveria ser uma mutação. Já quando essa alteração era muito frequente deveria ser um polimorfismo. E, estar presente em mais de 1% da população já significada que aquilo era muito frequente.

Logo, é fácil perceber que esses termos geravam confusão, pois podíamos ter mutações (definidas pela frequência) que não causavam doenças e polimorfismos que causavam…

Variantes

A partir de 2013, os cientistas se reuniram para padronizar a classificação das alterações observadas no DNA. Esse trabalho veio da necessidade de definir melhor o que estava alterado e que poderia ser, de fato, considerado um problema para o DNA e o que não deveria ser considerado problema.

Toda a alteração observada passou, então, a ser chamada de variante e, para definir se era um problema ou não, as variantes passaram a ser classificadas como patogênica, provavelmente patogênica, de significado incerto, provavelmente benigna e benigna.

Assim, as variantes patogênicas e provavelmente patogênicas permitem definir o diagnóstico associado ao quadro clínico. Por sua vez, as benignas e provavelmente benignas não causam nenhum problema para o DNA.

E as VUS?

As variantes de significa incerto, ou na sigla em inglês VUS = variant of uknown significance, são aquelas variantes para as quais não temos muita informação e não conseguimos definir se elas são ou não associadas a doença.

A avaliação das variantes é um processo complexo que exige uma equipe interdicisplinar com biológicos, biomédicos, médicos, bioinformatas e cientistas. O consenso elaborado pelo American College of Medical Genetics e pela Association for Molecular Pathology pode ser encontrado aqui.

CNVs e SNPs, o que as siglas significam?

A sigla CNV deriva do inglês – copy number variation e quer dizer variante de número de cópias. Em outras palavras significa dizer que um cromossomo ou parte dele tem menos material do que deveria ter ou tem mais material. Esse resultado pode ser observado em diversos exames, mas frequentemente é descrito em exame de array-CGH ou sequenciamento de genes.

Já a sigla SNP quer dizer single nucleotide polymorphism, correspondendo a polimorfismo de nucleotídeo único, ou seja, é a alteração que ocorreu em uma única base do DNA. Esse tipo de alteração é muito comum e pode representar ou não uma variante patogênica.

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Referências

Richards S, Aziz N, Bale S, Bick D, Das S, Gastier-Foster J, et al. Standards and guidelines for the interpretation of sequence variants: a joint consensus recommendation of the American College of Medical Genetics and Genomics and the Association for Molecular Pathology. Genet Med. 2015; 17(5):405-424.

 

O conteúdo deste blog tem o objetivo de difundir a informação científica que está em constante atualização. Estas informações não substituem a avaliação médica.

 


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