Já falamos sobre os exames genéticos mais usados no dia a dia da avaliação clínica, mas existem diversos outros testes usados na investigação de doenças genéticas. Por isso, agora vamos falar sobre os testes genéticos menos frequentes.

FISH

O exame de FISH, ou hibridização fluorescente in situ, é usado para investigar perdas ou ganhos de grandes partes de cromossomos. Esta técnica emprega um tipo de marcador (chamado sonda) direcionado para uma região específica do DNA. Desse modo, é possível verificar se a região está presente ou não e, assim, avaliamos se há uma duplicação (ganho de material) ou deleção (perda de material) na região.

Exame de FISH mostrando a presença das sondas pesquisadas.

O exame de FISH é indicado para a investigação de síndromes genéticas causadas por microdeleções de cromossomos, ou seja, quando a alteração é muito pequena para ser observada no exame de cariótipo.

É importante ter uma suspeita específica, guiada pela clínica, uma vez que as sondas são direcionadas para regiões exatas. A síndrome de Williams é um exemplo clássico para uso deste teste genético, já que é causada por deleção da região 7q11.

Por fim, no campo da oncologia também usamos muito este exame. A técnica de FISH auxilia a identificar marcadores específicos em tumores. Como os tumores podem apresentar alterações genéticas que são próprias do câncer, muitas vezes é necessário investigar se um gene está presente ou não, se existem várias cópias deste mesmo gene naquele tecido, entre outros. Estas características poderão dar informações mais apuradas sobre um tumor e, eventualmente, auxiliar na definição do tipo de câncer ou na escolha de tratamento mais adequada para o caso.

Estudo de metilação

O estudo de metilação é uma técnica bastante específica. Ela é usada para diagnóstico de algumas doenças genéticas que tem como mecanismo causador uma alteração do padrão de metilação.

A metilação do DNA ocorre de forma natural em todos os seres. A sua principal função é controlar a expressão dos genes, ou seja, para “ligar” e “desligar” os nossos genes ao longo da vida. Assim, quando uma região específica do DNA perde o padrão natural, isso causa uma síndrome. Esse teste é usado, frequentemente, no diagnóstico da síndrome de Prader-Willi, síndrome de Angelman e síndrome de Silver-Russel.

Sequenciamento de genoma

O sequenciamento de genoma, como diz o nome, consiste no sequenciamento de todo o DNA de uma pessoa. No passado, o uso desta técnica era limitado a laboratórios de pesquisa. No entanto, há alguns anos, ela está disponível para ser empregada na investigação clínica de rotina, ainda que seu custo seja mais alto.

A diferença entre o sequenciamento de genoma e o sequenciamento de exoma é que o primeiro avalia todo o DNA, incluindo regiões que podem influenciar a expressão dos genes e causar doenças; enquanto o segundo, avalia somente as regiões codificantes do DNA, ou seja, aquelas que irão formar alguma proteína.

Este teste genético tem sido utilizado em casos mais complexos, quando não foi possível identificar a causa de sintomas com as outras técnicas. Porém, é importante lembrar que o exame não resolve todos os problemas e, em determinados casos não é possível definir o diagnóstico, mesmo com as técnicas mais modernas.

Southern-Blot

A técnica de Southern-blot tem sido cada vez menos utilizada. Ela permite avaliar fragmentos (pedaços) do DNA que são grandes com uma sonda. Os fragmentos são transferidos para uma membrana, onde ficarão “presos” e, assim, facilita a ligação a sonda. Esta técnica é bastante trabalhosa e outros métodos são capazes de substitui-la, em muitos casos, com facilidade.

Atualmente, o Southern-blot é usado para a investigação de alguns casos de síndrome de X-frágil, em especial em mulheres. Outra indicação é a distrofia fascioescapulohumeral.

Referências

Brown T. Southern-Blot. Curr Protoc Mol Biol. 1999. 2.9.1-2.9.20.

Prokop JW, May T, Strong K, Bilinovich SM, Bupp C, Rajasekaran S et al. Genome sequencing in the clinic: the past, present, and future of genomic medicine. Physiol Genomics. 2018; 50(8):563-579.

Spector E, Behlmann A, Kronquist K, Rose NC, Lyon E, Reddi HV, ACMG Laboratory Quality Assurance Committee. Laboratory testing for fragile X, 2021 revision: a technical standard of the American College of Medical Genetics and Genomics (ACMG). Genet Med. 2021; 23(5):799-812.